Como pingos vazios
caindo da torneira.
Sem utilidade alguma.
Só pingos. Inúteis.
A vasta dimensão do mundo
a irritava. Sentia como se
mundo fosse grande demais e
ela, pequena demais.
Inútil.
O sem fim de coisas
existentes ao seu redor a
deixavam tonta.
Como se não fosse conseguir
alcançar e pegar nada do que via.
Era tudo grande demais.
Como grandes balões:
enormes, distantes e ardentes.
Não se encaixa, não se encaixa, não se encaixa.
Talvez o pensamento mais
constante de sua vida.
Nada parece unir-se e nada
parece desagregar-se.
Simplesmente não se encaixa.
A vida, o ar, as pessoas, uma simples flor no campo.
Ela tentava imaginar as coisas
como blocos e tentava encaixá-los,
mas sempre, sem exceção, a tarefa
lhe parecia impossível.
Isso doía. O mundo grande doía.
As "desconexões" do mundo doíam.
Tudo parecia arder.
O saber do mundo causava uma profunda queimação no peito.
Ela precisava saber, precisava
sentir o mundo arder.
Era sua forma de manter-se viva,
de saber-se viva.
O pensamento sempre acelerado e
lotado, um atrás do outro, como os
pingos da torneira davam o sentido que ela
desesperadamente buscava.